Cerca de 500 pessoas participaram, na noite desta terça-feira (14), da 2ª edição do projeto Lendas do Recife, promovido pela Secretaria Municipal de Turismo. O público, formado por turistas, estudantes e moradores, pôde conferir de perto a narração das histórias mal-assombradas da cidade. Fenômenos sobrenaturais que, mesmo ocorridos há décadas, ainda assustam muitos recifenses. “Embora ocorra pela segunda vez, o evento provou que é um sucesso e já faz parte da programação turística da cidade. Vamos promover edições periódicas do passeio, começando no próximo mês de maio”, disse o secretário de Turismo do Recife, Alfredo Bertini.
O roteiro, que incluiu a Praça da República, a Praça da Independência, a Rua Nova, o bairro de São José e a Cruz do Patrão, foi inspirado nos livros Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freyre, e O Recife Assombrado, de Roberto Beltrão. O passeio foi prestigiado pelo próprio Roberto Beltrão e pela filha do sociólogo Gilberto Freyre, Sônia Freyre. “Em nome da Fundação Gilberto Freyre, estamos felizes em poder colaborar para enriquecer a cultura de Pernambuco”, disse Sônia.
Entre as histórias narradas pelos 15 estagiários da Secretaria de Turismo, todos vestidos a caráter, estavam as aparições do ex-governador Agamenon Magalhães no Palácio do Campo das Princesas, os aplausos e gritos ouvidos na platéia do Teatro Santa Isabel, mesmo sem espetáculo, e as perseguições da perna cabeluda na Rua do Imperador. Algumas das novidades desta edição foi a aparição do revolucionário Frei Caneca na janela do Arquivo Público do Estado. Antigamente, o local abrigava a Casa Câmara e Cadeia, onde o revolucionário passou os seus últimos dias e foi bastante torturado. Segundo as pessoas que hoje freqüentam o recinto, Frei Caneca costuma aparecer nas escadas e nos corredores.
Outra personagem lendária da cidade que marcou presença no passeio foi a emparedada da Rua Nova, com o seu tradicional vestido branco. Os que acompanharam o passeio até o final puderam conferir ainda a performance de alguns atores. Eles reviveram os personagens que aproveitavam a mística do local para vender a alma ao demônio e conseguir ganhos financeiros, amorosos e outros tipos de favores, segundo os livros de Gilberto Freyre e Roberto Beltrão.
O turista cubano Félix Afonso, que é historiador, adorou a proposta. “Ao mesmo tempo, pude conhecer os pontos turísticos e as lendas da cidade. Moro em Havana, que também tem uma cultura colonial e, por esse motivo, histórias e costumes bastante parecidos. Lá, também temos uma mulher emparedada”, brincou o turista que visita o Brasil pela primeira vez. Embora resida no Recife, a estudante Mirela Araújo não conhecia as histórias mal-assombradas da cidade. “Esta é uma grande oportunidade para conhecermos melhor as nossas lendas. Recomendo o passeio a todos os recifenses”, afirmou.
|